segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

DUPLICAÇÃO BR-101 EM ARARANGUÁ

PORQUE O DESVIO DA DUPLICAÇÃO EM ARARANGUÁ?




O Movimento pró-desvio foi criado em 1998 pelos Sócios da Natureza com apoio do COMTUR, SINTE, UAMA e AESC, chegando ao final em 2002 com as 49 entidades mais representativas do município Araranguá (foi o primeiro movimento no país a contestar um projeto de âmbito federal do então poderoso DNER e do MT). Várias audiências públicas foram realizadas, inclusive uma especial com a Missão de Acompanhamento do BID de Washington (no ATC), onde os contrários ao desvio tiveram a oportunidade de defender a duplicação por dentro da cidade de Araranguá.

Vemos a retomada deste movimento contra o desvio como retrocesso porque poderiam estar discutindo os possíveis conflitos que irão surgir com a construção da rodovia conforme o projeto aprovado (Aterro, Cheias, Acessos, etc). Deveriam sim, estar buscando soluções realmente práticas, viáveis e de interesse coletivo.

Percebe-se que a condução do movimento carece de dados e informações relacionadas à obra e sua significância em termos de desenvolvimento, demonstrando uma total inexperiência com as questões socioambientais, mas afinal, vivemos numa democracia onde todos têm o direito de manifestar-se, mesmo que seja para atender interesses privados e individuais (Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o direito de o dizeres - Voltaire).

A maior responsabilidade ainda é do empreendedor (DNIT/MT) e do órgão licenciador (IBAMA) que não realizaram as audiências públicas necessárias ao longo do trecho, com objetivo de solucionar os vários conflitos existentes. Aqui em Araranguá, por exemplo, o projeto do desvio não foi apresentado de forma pública e não solucionaram o seriíssimo conflito das enchentes.

Dentre as principais justificativas apresentadas na época e que continuam tendo a mesma força, credibilidade e consistência, são:

· A cidade de Araranguá finalmente terá uma segunda ponte a 1.800 metros ao oeste da atual, atendendo as diretrizes de expansão urbana do Plano Diretor e do inovador Estatuto da Cidade (Tubarão já tem 05 pontes).

· O projeto do contorno rodoviário elimina a possibilidade de alagamento de pista no caso das traumáticas enchentes do rio Araranguá, que impedem o tráfego na rodovia e causa enormes prejuízos a economia da região e sul do país, além de promover uma péssima divulgação para Araranguá, inclusive em rede nacional.
OBS. Estamos alertando o DNIT desde 2001 (Como também o fizemos aos Agricultores) que deve ser evitado aterro no contorno, que o lado norte entre a família Carneiro e o rio deve ser projetado sob viaduto para não impedir a dinâmica das águas em caso de cheias. Esclarecemos que nem o projeto anterior pelo leito atual contemplava uma solução adequada para evitar um possível represamento das águas. Existe de forma quase imperceptível uma barragem com altura variável entre um a dois metros, no trecho de 7 KM entre a ponte e a reserva ecológica do Maracajá, que precisa ser incontestavelmente solucionada pelo empreendedor. Por isso é que desde 2001 estamos solicitando ao empreendedor a elaboração de um estudo Hidrológico sobre a bacia do rio Araranguá. Este estudo é indispensável e obrigatório.

· Nos países desenvolvidos as rodovias não passam mais por dentro dos perímetros urbanos por medida de segurança e conforto, de normas ambientais e para atender diretrizes no aperfeiçoamento da qualidade de vida. Em Palhoça, São José e Biguaçu, o DNIT está projetando um desvio também, inclusive para atender os estabelecimentos localizados as margens da duplicação. Em Canoas no RS, existe um movimento reivindicando a construção de um túnel de 25 KM para que possam reaver a antiga avenida...
OBS. A UFSC elaborou recentemente um estudo sobre a Duplicação do trecho Norte, apontando altíssimos níveis de acidentes e mortes por atropelamento, justamente onde a rodovia duplicada faz travessia urbana, como por exemplo, em Itapema, Balneário Camboriú, Barra Velha e a travessia pela ‘’GrandeFpolis’’.

· Haverá redução nos índices de poluição sonora, já que o maior índice apontado no EIA-RIMA em todo trecho entre Palhoça/SC e Osório/RS, foi detectado em Araranguá. Naturalmente que por onde passará o contorno haverá ruído dos veículos, mas o número de atingidos pelo barulho será consideravelmente bem menor.

· Reduzirá enormemente a segregação social e econômica. As atuais políticas públicas do BID são voltadas para evitar que as obras por eles financiadas promovam segregação social, por isso decidiram rapidamente pelo contorno.

· A área por onde passará o desvio já está totalmente impactada (naturalmente que sempre algum impacto causará, mas incomparáveis se a duplicação fosse por dentro do perímetro urbano), basta verificar o levantamento apontado no EIA-RIMA elaborado pelo Instituto Militar de Engenharia / IME. Alguns agricultores serão prejudicados com a passagem da rodovia dividindo suas terras, o que ainda pode ser contornado com a execução de um viaduto, permitindo a passagem de máquinas. Mas, por outro lado, passarão a ter suas terras super valorizadas.

· O trecho não duplicado passará para o domínio do município, ganhando a cidade uma super avenida de aproximadamente 7 KM, com infra-estrutura e características para transformar-se numa potencial área comercial e industrial do município.

Pontos negativos se a duplicação fosse pelo traçado atual


· A duplicação com oito pistas (quatro principais e quatro marginais) no leito atual já congestionado dificultariam intensamente as entradas e saídas da pista, levando os usuários da rodovia a literalmente passarem direto por Araranguá. Em todo o planeta, em todo país e em toda cidade, as áreas próximas a viadutos são marginalizadas, propícias à prostituição e drogas, e sempre abandonadas pelas administrações públicas. Ou, em Araranguá seria diferente ?

· Nos aspectos turísticos também seria prejudicado, pois dificultaria a entrada de turistas, basta analisar o projeto com mais responsabilidade.

· E como ficaria o tradicional Colégio Maria Garcia Pessi? O acesso dos alunos tornar-se-ia inseguro e de alto risco, como também inviabilizaria as aulas com o permanente ruído de veículos, afinal a entrada principal da cidade passaria pela estreita rua do Colégio. É muito cômodo ser contra o desvio/contorno sem ter uma alternativa viável e sustentável.

· Está mais do que provado e óbvio que os comerciantes localizados às margens já começariam a ter prejuízos desde o início, pois durante os dois a três anos de obra haveria os transtornos que uma obra deste porte causa, como poeira, barro, máquinas e outras inconveniências, como trânsito desviado e/ou interrompido.

· Com a duplicação no leito atual, as comunidades que margeiam ou que dependem da travessia diária sobre a rodovia, comprovadamente teriam mais transtornos e dificuldades em atravessar a mesma, basta avaliar o estudo da UFSC. Acrescentando que a duplicação funcionaria como um muro divisório, dificultando a convivência e relação entre as pessoas, como também afetaria a inter-relação comercial.


OBS. Quando o Prefeito Antonio Eduardo Ghizzo (1989-1992) abriu a Avenida João Goulart, algumas entidades ligadas ao setor comercial foram radicalmente contrárias, porque queriam seus associados que o veranista passasse pelo centro da cidade para ir as praias. Parabéns ao ex-Prefeito que teve esta visão expansionista e as 49 entidades que lutaram pelo desvio.


Pontos que ainda precisam ser discutidos:

1. Resolveram a ‘’trafegabilidade’’ da pista no vulnerável trecho de 7 KM, único de uma rodovia federal que sofre com alagamento de pista no Brasil, mas não apresentaram uma solução adequada para evitar o represamento das violentas e dinâmicas águas dos formadores do rio Araranguá: Itoupava e Mãe Luzia.

2. Adaptação dos acessos às atuais necessidades de expansão urbana do município. (Recentemente fomos informados que o acesso norte não foi projetado adequadamente, pois colocaram a passagem sob a duplicação muito distante, tornando-o difícil o acesso)

3. As condições e formas de como serão transferidas as responsabilidades de domínio do trecho que passará ao Município de Araranguá.

4. Apoio ao Plano Diretor de Araranguá.



‘’Não permitiremos que os erros do trecho norte sejam repetidos no trecho sul’’






Sócios da Natureza – ONG Fundada em 1980.
(PRÊMIO FRITZ MULLER 1985)


’’ TRABALHANDO EXCLUSIVAMENTE DE FORMA VOLUNTÁRIA
E,
SEMPRE BUSCANDO OBJETIVOS DE INTERESSE COLETIVO ’’

Associada a Federação das Entidades Ecologistas Catarinenses – FEEC
Fone: ...48-9985 0053 / 3522 1818 E-mail:
sociosnatureza@contato.net

http://www.sociosdanatureza.blogspot.com/ / http://www.tadeusantos.blogspot.com/ / http://www.aramericano.blogspot.com/

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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

DUPLICAÇÃO DA 101 SEGUE TRAÇADO ORIGINAL

Duplicação da 101segue traçado original
Ministro dos Transportes descarta desvio em Araranguá

A NOTÍCIA

O Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, colocou água fria nos planos das 49 entidades que defendem a duplicação da BR-101, no trevo de Araranguá, um quilômetro a Oeste de onde a rodovia passa hoje. Padilha garantiu que a duplicação irá ocorrer no traçado atual. "O projeto já está pronto e qualquer alteração agora poderá atrasar o início das obras em até dois anos", afirmou ele. A previsão, segundo o ministro, é que as obras do trecho entre Palhoça e Osório (RS) já iniciem ainda novembro e fiquem prontas em 2002.Os dois projetos estão sendo analisados no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), em Brasília, que está analisando o Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto do Meio Ambiente (EIA/Rima). Somente após a conclusão do estudo é que será emitida a licença de implantação e as obras poderão iniciar. Conforme o geólogo Jorge Reis, coordenador da equipe técnica que analisa os projetos, a melhor alternativa aponta para a duplicação pelo desvio a Oeste."Temos pontos que precisam ser analisados com cuidado, mas o parecer final só deverá sair após as audiências públicas que serão realizadas na região", pondera ele. Segundo Reis, a duplicação passa por eco-sistemas frágeis, como as lagoas de Imaruí e Santo Antônio, e por trechos de mata atlântica. As audiências públicas devem iniciar já no próximo mês.A declaração de Padilha deixou os representantes da sociedade de Araranguá apreensivos. "O ministro atropelou os estudos do Ibama e esqueceu que a obra precisa do Rima para poder iniciar", destaca Tadeu dos Santos, da ONG Sócios da Natureza. Junto com Lions Club, Rotary, Associação Comercial, escolas, empresários e comunidade em geral, a Sócios da Natureza vem defendendo a duplicação a Oeste. "Estamos preocupados com a qualidade de vida da população, com o meio ambiente e com a quantidade de veículos com carga tóxica que vão trafegar no meio da cidade", ressalta.Os ambientalistas esperam pela visita dos técnicos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BDI), programada para ocorrer entre os dias 13 e 17 de março.


Extraído do jornal A Notícia

Quem sou eu

Minha foto
Nascido em 22/07/1951, em Praia Grande/SC, na beira do rio Mampituba, próximo às encostas dos Aparados da Serra, portanto embaixo do Itaimbezinho, o maior cânion da América do Sul, contudo, orgulha-se de haver recebido em 2004, o Título de Cidadão Araranguaense. Residiu em Fpolis onde exerceu por dez anos a função de projetista de edificações e realizou o documentário em Super 8 sobre as eleições pra governador em 1982, onde consta em livro sobre a história do Cinema de SC. Casado, pai de dois filhos (um formado em Cinema e outro em História) reside em Araranguá. Instalou uma das primeiras locadoras de vídeo do estado. Foi um incansável Vídeomaker e Fotógrafo. Fã de Cinema sempre. Ativista ambiental da ONG Sócios da Natureza (Onde assumiu a primeira presidência do Comitê da bacia hidrográfica do rio Araranguá – na época um fato inédito no ambientalismo). É um dos autores do livro MEMÓRIA E CULTURA DO CARVÃO EM SANTA CATARINA: Impactos sociais e ambientais. www.vamerlattis.blogspot.com